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AIE revê projeções e antecipa aumento da procura de gás na próxima década

Procura de gás continuará a crescer na década de 2030, sobretudo devido a alterações nas políticas dos EUA.

12 Nov 2025 - 10:51

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Foto: Freepik

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A segurança energética nunca esteve sob tanta pressão. Segundo o “World Energy Outlook 2025” (WEO) da Agência Internacional da Energia (AIE), o mundo enfrenta uma combinação inédita de desafios: tensões geopolíticas, dependência de minerais críticos, procura elétrica acelerada e vulnerabilidades nas redes de energia. A análise deste ano admite, ao contrário do que indicava o “Outlook” de 2024, que a procura de gás continuará a crescer na década de 2030, sobretudo devido a alterações nas políticas dos EUA e a preços reduzidos. A AIE avisa que qualquer abrandamento das políticas climáticas ou choque geopolítico pode voltar a apertar os mercados rapidamente e esgotar as reservas de segurança existentes.

O relatório, divulgado nesta quarta-feira, alerta que a energia deixou de ser apenas uma variável económica e é agora um eixo central da segurança nacional. Perante este cenário, a Agência defende que os países devem diversificar fontes de abastecimento e reforçar a cooperação internacional, à semelhança do que aconteceu após a crise petrolífera dos anos 1970.

“Quando analisamos a história do setor energético nas últimas décadas, nunca houve um período em que as tensões de segurança energética abrangessem tantos combustíveis e tecnologias ao mesmo tempo, uma situação que exige o mesmo espírito e determinação demonstrados pelos governos aquando da criação da AIE, após o choque petrolífero de 1973”, declarou o diretor-executivo da AIE, Fatih Birol.

Emergentes tomam palco e minerais continuam a expor dependências

As grandes mudanças no consumo global de energia estão a deslocar-se para um bloco de economias emergentes, nomeadamente a Índia e o Sudeste Asiático, mas também o Médio Oriente, África e América Latina, aponta o WEO. A AIE acredita mesmo que estas economias tomarão o lugar ocupado pela China, que é desde 2010 responsável por metade do crescimento da procura mundial de petróleo e gás e por 60% da subida da procura de eletricidade.

Ao mesmo tempo, surgem vulnerabilidades na cadeia de minerais estratégicos: um único país domina a refinação de 19 em 20 minerais essenciais para baterias, redes elétricas, ‘chips’ de Inteligência Artificial e indústria de defesa, com uma quota média de 70%. O relatório avisa que a correção desta dependência será lenta sem uma intervenção política mais firme.

A “Era da Eletricidade” chegou

A procura global de eletricidade cresce mais depressa do que qualquer outra forma de energia, impulsionada por eletrificação, transição climática, centros de dados e inteligência artificial. “No ano passado, referimos que o mundo estava a entrar rapidamente na Era da Eletricidade – e hoje é claro que essa era já começou”, afirmou o diretor-executivo da AIE, Fatih Birol. Só em 2025, prevê-se que o investimento mundial em centros de dados chegue a 580 mil milhões de dólares, mais do que os 540 mil milhões aplicados na produção global de petróleo.

Para já, a eletricidade corresponde a apenas cerca de 20% do consumo final de energia a nível global, mas constitui a principal fonte para setores que representam mais de 40% da economia mundial e é a fonte energética dominante na maioria dos agregados familiares. Apesar disso, as redes elétricas não acompanham o ritmo: o investimento em produção de eletricidade subiu 70% desde 2015, mas o investimento anual em redes aumentou a menos de metade desse ritmo. Face a estes valores, a AIE sublinha a importância de um fornecimento de eletricidade seguro e acessível, bem como os custos económicos e sociais de falhas de energia, como as que se verificaram em 2025 na Península Ibérica e no Chile.

No curto antevê-se a abundância de petróleo e gás, com o barril a oscilar entre 60 e 65 dólares. Também se antecipa um alívio no equilíbrio do mercado do gás natural, com aumento da oferta global em 50% até 2030, ao persistirem dúvidas sobre o seu destino final. Aproximadamente metade desta nova capacidade está a ser construída nos EUA e cerca de 20% no Qatar.

Metas falhadas e clima a aquecer

O mundo continua longe dos compromissos assumidos. O WEO indica que ainda há 730 milhões de pessoas sem eletricidade e quase 2 mil milhões cozinham com combustíveis prejudiciais à saúde. Nem nos cenários mais otimistas se evita ultrapassar 1,5 °C de aquecimento, embora seja possível regressar abaixo desse limiar na segunda metade do século se o mundo atingir emissões líquidas nulas até 2050.

As infraestruturas energéticas também estão cada vez mais expostas: em 2023, falhas em redes e instalações afetaram mais de 200 milhões de lares, com 85% dos incidentes a envolver linhas de transmissão e distribuição, conclui a Agência.

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