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Energia solar dispara no mundo enquanto os EUA travam a transição verde

Com os preços dos painéis solares em queda e a China a liderar a produção global, a energia do sol é o novo motor da revolução energética, mesmo sem o apoio de Washington.

02 Nov 2025 - 10:05

4 min leitura

Foto: Freepik

Foto: Freepik

No deserto do Nevada, empresas planeavam cobrir uma área maior do que a cidade de Washington DC com painéis de silício e baterias, convertendo luz solar em energia para Las Vegas e milhões de casas e empresas. Mas os responsáveis federais anularam a aprovação coletiva de sete projetos, numa decisão que simboliza a resistência política de Washington à transição verde.

A milhares de quilómetros, na China, a paisagem é oposta. Segundo o Financial Times, o país instalou painéis solares numa área equivalente à cidade de Chicago, no sudoeste da China, onde a altitude favorece a captação de luz. O Talatan Solar Park integra o plano chinês de duplicar a capacidade solar e eólica na próxima década. “A transição verde e de baixo carbono é a tendência do nosso tempo”, afirmou o presidente Xi Jinping, numa cimeira em Nova Iorque em setembro, sublinhando o papel central do país nesta transformação.

Graças à produção em massa de painéis e baterias, a China fez cair os custos mundiais das tecnologias renováveis. Segundo a Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês), em algumas regiões “já se tornou muito difícil optar por outra fonte”. Desde 2010, o preço dos painéis solares caiu quase 90%, e os custos de investimento em novos projetos diminuíram cerca de 70%.

As consequências são visíveis. Em 2010, a IEA previa que o mundo teria 410 gigawatts (GW) de energia solar instalada até 2035. Hoje, a capacidade já é quatro vezes superior, com a China a representar metade desse total.

Noutras geografias, nomeadamente em países africanos e no Médio Oriente, incluindo países produtores de petróleo como a Arábia Saudita, está-se a acelerar projetos solares devido à queda dos custos e à independência energética que as renováveis conferem.

Segundo o ‘think tank’ Ember, o rápido crescimento das energias solar e da eólica permitiu que, na primeira metade deste ano, as energias renováveis gerassem mais eletricidade do que as centrais a carvão a nível mundial.

Ainda assim, a revolução energética está longe de concluída. As emissões do setor energético global subiram pelo quarto ano consecutivo em 2024, atingindo um novo recorde. A IEA avisa que o objetivo de triplicar a capacidade mundial de renováveis até 2030 está em risco, em grande parte devido ao abrandamento norte-americano.

Os benefícios também não chegam ainda plenamente aos consumidores: embora a energia solar tenha reduzido os preços grossistas da eletricidade, muitos utilizadores continuam dependentes de combustíveis fósseis, sobretudo para os transporte e aquecimento.

Cálculos do Energy Institute, instituto de investigação internacional do setor, mostram que o fornecimento de petróleo, gás e carvão para energia (geração de eletricidade, aquecimento, uso industrial e transporte) em 2024 aumentou mais do que o fornecimento de energia de fontes de baixo carbono, que também inclui energia nuclear e hidrelétrica. Isso levou alguns especialistas a argumentar que as energias renováveis estão apenas a ajudar a responder à crescente procura por energia, em vez de substituir os combustíveis fósseis. “O mundo continua em modo de adição de energia, em vez de uma transição clara”, afirmou Andy Brown, presidente do instituto, aquando do lançamento deste relatório em agosto, segundo o Financial Times.

Na Índia, o governo estabeleceu a meta de alcançar 500 GW de capacidade limpa até 2030, já tendo atingido 243 GW. Contudo, o jornal recorda que mais de 70 % da eletricidade no país ainda provém do carvão, o que mostra a dimensão do desafio.

Na África do Sul, a instabilidade no fornecimento de energia tem levado famílias e empresas a instalarem painéis solares nos telhados, comprovando uma tendência de procura global por soluções locais e descentralizadas. Hoje, instalações de pequena escala (menos de 1 MW) já representam 42% das novas ligações solares mundiais, quase o dobro do registado em 2015, destaca o Financial Times.

A nível global, a energia solar está a crescer tanto em grandes centrais como em telhados domésticos. Mas a transição total exige mais: redes elétricas modernizadas, sistemas de armazenamento de grande escala e políticas estáveis que incentivem o abandono definitivo dos combustíveis fósseis.

Enquanto os EUA recuam, o resto do mundo acelera e o centro da revolução solar parece ter-se deslocado definitivamente para Leste, conclui a análise-

 

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