Foi oficialmente lançado o Cluster Portuguese Circularity, uma nova estrutura nacional dedicada a acelerar a transição para a economia circular, sediada no interior do país e composta por mais de 70 entidades.

Entre empresas, centros de investigação, associações e municípios, os membros representam um peso económico de mais de 3,8 mil milhões de euros de volume de negócios, 815 milhões de euros em exportações, 42 mil trabalhadores e um Valor Acrescentado Bruto superior a 1,2 mil milhões de euros.

O cluster nasce da colaboração estratégica entre o CECOLAB – Laboratório Colaborativo para a Economia Circular e a Associação Smart Waste Portugal (ASWP), com o propósito de impulsionar soluções circulares, apoiar as empresas na implementação de novos modelos de negócio e reforçar a competitividade internacional do país.

Para João Nunes, presidente do Conselho de Administração do CECOLAB, o novo cluster representa um passo decisivo para contrariar assimetrias regionais e mostrar o potencial do interior. “Este cluster demonstra que as regiões do Interior têm capacidade para se afirmar perante as grandes cidades”, afirma em comunicado. Acrescenta que pretende posicionar o país o a nível internacional “com uma base sólida na economia circular” e que às empresas se exige “inovação” e à política “ação”.

Também Aires Pereira, presidente da direção da ASWP, sublinha que o cluster surge num momento crítico para a economia global. “Pretende apoiar as entidades na adoção e implementação de soluções e modelos de negócio circulares, com vista à sua internacionalização e atuação em escala global”, destacou.

Metas ambiciosas para os próximos cinco anos

O Cluster Portuguese Circularity projeta colocar mais de 200 novos produtos e serviços circulares no mercado, captar 50 milhões de euros em investimento para projetos de investigação e inovação e capacitar 10 mil profissionais nas áreas da circularidade e transição digital.

A estratégia inclui ainda a criação de cinco novos grupos de trabalho com clusters nacionais e europeus, a realização de missões empresariais internacionais, e o desenvolvimento de ferramentas de apoio ao investimento e ao diagnóstico de competências, como o serviço EAGLE EYE e o capacity form.

Outra ambição central passa pela criação da marca e selo “Circularity Portugal”, destinado a reforçar a visibilidade internacional dos produtos e serviços circulares portugueses. Está também prevista a organização da EXPO Circularity Portugal e a atribuição anual de três prémios (ESG Circularity Prize, Carbon Circularity Prize e i.Circularity Prize).

O cluster conta, atualmente, com 72 membros: 47 Empresas; 14 entidades do Sistema Científico e Tecnológico; 8 Associações; e 3 Câmaras Municipais. Estas entidades representam um volume de negócios superior a 3,8 mil milhões de euros e um volume de exportações superior a 815 milhões de euros, com um Valor Acrescentado Bruto superior a 1,2 milhões de euros e um número total de trabalhadores superior a 42 mil.

O cluster é encarado como uma oportunidade para revitalizar territórios marcados pela perda demográfica e pela falta de massa crítica empresarial. A vice-presidente da CCDR-Centro, Alexandra Rodrigues, destaca a importância da articulação entre entidades. “A economia circular é a locomotiva capaz de levar desenvolvimento aos vários territórios. Afirma ainda que “ficou bem claro o nó central que se encontra em Oliveira do Hospital, enquanto malha de rede que procura a maior capilaridade possível na região e no país”.

O presidente da Câmara Municipal de Oliveira do Hospital, José Francisco Rolo, também reforça o papel transformador do cluster na região.  “Entendo que este é um grande desafio, que deve ser mobilizador, estimulante e incentivador para o trabalho em rede”, referiu o autarca, frisando ainda que o município estará disponível para apoiar os projetos desenvolvidos.

Com uma estratégia centrada em investigação, inovação, empreendedorismo, formação e internacionalização, o Cluster Portuguese Circularity pretende contribuir para que Portugal duplique a taxa de circularidade da sua economia, aproximando-se das metas europeias no prazo de cinco anos.