4 min leitura
Transição verde deverá criar 9,6 milhões de empregos até 2030, mas elevar risco de desigualdades económicas
Fórum Económico Mundial identifica desigualdades no acesso a capital, tecnologias e qualificações como principais obstáculos à transição.
19 Nov 2025 - 09:35
4 min leitura
Foto: Pexels
- Desinformação climática: a urgência da verdade
- EDP reforça posição nos EUA com acordo de 433 ME para desenvolver central solar
- Ocean Winds ganha direitos para desenvolver parque eólico flutuante no Mar Céltico
- EDP vai fornecer energia 100% verde a 37 lojas da Decathlon em Portugal
- Portugal adere a coligação para incluir oceanos no núcleo das negociações da COP
- Primus Ceramics descarboniza 25% das necessidades energéticas com recurso ao biometano
Foto: Pexels
A transição verde deverá transformar 14,4 milhões de postos de trabalho a nível global até 2030, gerando um saldo líquido de 9,6 milhões de novos empregos, apesar da eliminação prevista de 2,4 milhões de funções. Ou seja, por cada posto eliminado, deverão ser criados cinco novos empregos ligados à transição verde. As conclusões constam de um novo relatório do Fórum Económico Mundial (WEF, na sigla em inglês).
Porém, apesar do otimismo, já que líderes empresariais de mais de 80% dos países esperam um impulso económico, o estudo sublinha que a fragmentação geopolítica, a incerteza económica e a crescente desigualdade social estão a dificultar estratégias tradicionais de mitigação climática. O relatório sublinha que existe risco de que os benefícios da transição não sejam distribuídos de forma equilibrada entre trabalhadores, consumidores e empresas. Nomeadamente, 33% das empresas estão preocupadas com a perda de empregos no seu país.
O relatório ‘Making the Green Transition Work for People and for the Economy’, desenvolvido com a McKinsey & Company e apoiado pela Laudes Foundation, disponibiliza novos dados por país para ajudar empresas a integrar fatores socioeconómicos nas suas estratégias climáticas. A análise surge numa altura em que a COP30, a decorrer em Belém, coloca foco inédito nas implicações sociais e económicas da agenda verde. “A ação climática eficaz depende da compreensão das realidades socioeconómicas de cada país e comunidade”, afirma Attilio Di Battista, responsável pela área de Crescimento Económico e Transformação do WEF.
Custos de energia e financiamento dificultam competitividade
Um dos sinais de alerta mais fortes é o impacto nos custos operacionais. Globalmente, 37% das empresas e 47% nos países de baixo rendimento reportam aumentos nos preços da energia e matérias-primas.
Mais de metade teme que esses custos acabem por ser transferidos para os consumidores, reduzindo a acessibilidade de bens essenciais.
Também o acesso desigual ao financiamento verde está a travar a competitividade. Quase um terço das empresas, e metade nas economias de baixo rendimento, apontam limitações de investimento como barreira à transição. Oito em cada dez executivos identificam desigualdades no acesso a financiamento sustentável como um risco relevante nas suas indústrias.
O relatório alerta ainda para possíveis “divisórias tecnológicas”. Países com menor rendimento enfrentam mais dificuldades no acesso a tecnologias verdes, cadeias de abastecimento sustentáveis e qualificações especializadas. Mais de 20% das empresas nestas economias não têm acesso adequado a tecnologias verdes.
Nos países mais ricos, pelo contrário, a preocupação recai sobretudo sobre incerteza regulatória e encargos de conformidade.
Um terço das empresas teme ainda deslocações laborais significativas, mesmo em mercados onde a transição deverá gerar empregos líquidos. O estudo indica que níveis mais elevados de proteção social reduzem a preocupação com impactos negativos sobre trabalhadores e consumidores.
Seis perfis de risco e oportunidade
A análise identifica seis perfis distintos de países, que mostram que os desafios da transição climática já não seguem a tradicional divisão entre economias avançadas e em desenvolvimento. Os adotantes verdes inclusivos, como a Austrália, França e Reino Unido, são economias avançadas com forte setor de serviços e proteção social robusta, mas enfrentam vulnerabilidades associadas ao aumento dos custos regulatórios e energéticos. Já os desenvolvedores verdes, como a China, Alemanha e Estados Unidos, destacam-se como potências industriais com liderança em tecnologias verdes, embora continuem altamente dependentes de materiais críticos.
Os adotantes verdes emergentes, exemplificados ppela Itália e Turquia, são economias industriais com mão de obra qualificada, mas revelam maior pessimismo em relação ao impacto económico da transição. Nas economias em crescimento, como Brasil, Índia e México, a rápida industrialização decorre em paralelo com dificuldades de financiamento e desafios no acesso a tecnologias verdes. Por sua vez, os exportadores de combustíveis fósseis, como a Arábia Saudita, dependem fortemente do petróleo e, apesar de apresentarem planos ambiciosos de diversificação, enfrentam retornos lentos nos investimentos verdes. Finalmente, as economias de fronteira, como Bangladesh e Nigéria, caracterizam-se por baixos rendimentos e necessitam de apoio internacional para conciliar metas climáticas com objetivos de desenvolvimento económico.
O relatório propõe, por fim, que as empresas adotem abordagens mais integradas, avaliando de forma explícita o impacto das suas estratégias climáticas sobre trabalhadores, comunidades e cadeias de valor.
- Desinformação climática: a urgência da verdade
- EDP reforça posição nos EUA com acordo de 433 ME para desenvolver central solar
- Ocean Winds ganha direitos para desenvolver parque eólico flutuante no Mar Céltico
- EDP vai fornecer energia 100% verde a 37 lojas da Decathlon em Portugal
- Portugal adere a coligação para incluir oceanos no núcleo das negociações da COP
- Primus Ceramics descarboniza 25% das necessidades energéticas com recurso ao biometano