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UE cria serviço para medir impacto das alterações climáticas em fenómenos extremos

Ferramenta deverá ajudar governos a definir políticas, reforçar avaliações de risco financeiro e fornecer provas para processos judiciais ligados ao clima.

22 Nov 2025 - 09:30

3 min leitura

Foto: Unsplash

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A União Europeia (UE) vai lançar um novo serviço para avaliar até que ponto as alterações climáticas influenciam fenómenos meteorológicos extremos, como ondas de calor, secas ou chuvas intensas. A ferramenta, desenvolvida pelo Serviço de Alterações Climáticas Copernicus, deverá ajudar os governos a definir políticas, reforçar avaliações de risco financeiro e fornecer provas para processos judiciais ligados ao clima, conforme divulgado pela agência Reuters.

A técnica responsável do serviço, Freja Vamborg, explica que o objetivo é “compreender, quando ocorre um evento extremo, como é que este está relacionado com as alterações climáticas”.

O mecanismo baseia-se na chamada ciência de atribuição: simula o que teria acontecido sem emissões de gases com efeito de estufa (GEE) e compara esses cenários com as condições atuais. Financiado com cerca de 2,5 milhões de euros para três anos, o Copernicus promete publicar resultados até ao final de 2026 e divulgar duas análises por mês, no prazo de uma semana após cada evento extremo. Pela primeira vez, vai existir “um gabinete de atribuição a funcionar permanentemente”, sublinha Carlo Buontempo, diretor do serviço, citado pela Reuters.

A iniciativa é bem recebida por especialistas, incluindo a cientista climática Friederike Otto, do Imperial College London, uma das pioneiras da metodologia. Otto destaca a importância de o serviço trabalhar com meteorologistas nacionais: “Ajuda se os governos se basearem nas provas produzidas pelos seus próprios serviços meteorológicos”.

Segundo a Reuters, há também juristas e cientistas climáticos que veem vantagens. Erika Lennon, advogada do Centro de Direito Ambiental Internacional, afirma que a nova ferramenta pode facilitar ações judiciais de comunidades afetadas por fenómenos extremos. Para o cientista Johan Rockström, do Instituto Potsdam, o setor financeiro também ganha: “As instituições financeiras compreendem o risco e o risco tem de ser quantificado, e esta é uma forma de o quantificar”.

A ciência de atribuição já começa a surgir em litígios climáticos. O Tribunal Internacional de Justiça considerou, em julho, que esta abordagem é legalmente viável, embora ainda pouco testada. Um caso recente, na Alemanha, em que um agricultor peruano tentou responsabilizar a concessionária RWE pelo recuo dos glaciares nos Andes, foi rejeitado – não por falhas na ciência, mas por o montante da indemnização calculado ser considerado demasiado baixo. “O tribunal nunca chegou a discutir a ciência da atribuição em detalhe e a analisar se os modelos climáticos são suficientemente bons”, nota Noah Walker-Crawford, da London School of Economics.

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