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As PME na transição verde: desafios e oportunidades de um caminho inevitável

A transição verde não é uma moda nem uma imposição externa — é a base de uma nova economia, mais justa, eficiente e preparada para o futuro. Por Filipa Pantaleão, secretária-geral do BCSD Portugal

10 Out 2025 - 07:31

4 min leitura

Filipa Pantaleão, secretária-geral do BCSD Portugal

Filipa Pantaleão, secretária-geral do BCSD Portugal

As pequenas e médias empresas (PME) portuguesas enfrentam hoje um dos maiores desafios da sua história recente: integrar a sustentabilidade na sua estratégia. A transição verde deixou de ser um tema reservado às grandes empresas – e até aquelas que ainda não estão abrangidas por obrigações regulatórias como a Diretiva de Relato de Sustentabilidade (CSRD) sentem já o impacto indireto dessas exigências, por fazerem parte das cadeias de valor de grupos empresariais que têm de reportar o seu desempenho ambiental, social e de governança.

A pressão para reduzir emissões, adotar práticas de economia circular e medir o impacto das operações é crescente e as PME enfrentam limitações reais — recursos humanos escassos, falta de capacidade técnica e restrições financeiras — que tornam este processo bastante exigente. Ainda assim, temos assistido a uma consciencialização cada vez maior daquilo que tem sido também bandeira do BCSD Portugal: a sustentabilidade não é apenas uma obrigação, mas uma oportunidade de competitividade e resiliência para as empresas.

A descarbonização é, talvez, o desafio mais transversal. Portugal tem metas ambiciosas de neutralidade carbónica até 2050 e a transição energética implicará uma transformação profunda nos modelos produtivos. Para as PME, reduzir a dependência de combustíveis fósseis, investir em eficiência energética e repensar cadeias de abastecimento poderá parecer um desafio hercúleo. Mas não impossível: com planeamento e apoios certeiros, tais como o acesso a fundos europeus, os caminhos estão abertos para financiar uma inovação verde e digital.

Outro eixo fundamental é a economia circular. O reaproveitamento de materiais, a reparação, o ecodesign e a redução do desperdício estão a ganhar tração em setores como o têxtil, a construção e a agroindústria. A circularidade é uma estratégia de redução de custos e de diferenciação competitiva, sobretudo num contexto em que os consumidores e os demais stakeholders valorizam cada vez mais práticas responsáveis. E muitas PME são, elas próprias, excelentes exemplos de negócios circulares e de desenvolvimento de tecnologias inovadoras que fomentam a circularidade.

Além destes desafios, existem também outras frentes que merecem atenção, conforme apontado pelo The Business Leaders Guide to Climate Adaptation & Resilience do WBCSD ou pelo relatório da OECD “The Green Transition of SMEs and Entrepreneurship in Portugal”, nomeadamente: a adaptação climática física, o reforço de competências verdes, a disponibilidade de dados ambientais confiáveis, a clareza regulatória, o acesso ao financiamento verde sob condições razoáveis, e o ecossistema de empreendedorismo circular. Estes aspetos, menos visíveis mas determinantes, serão essenciais para que as PME não fiquem para trás numa transição inevitável e acelerada.

O BCSD Portugal tem vindo a sublinhar que a transição sustentável exige colaboração. Nenhuma empresa, por si só, conseguirá atingir as metas da Agenda 2030. É necessária uma ação concertada entre empresas, governo e sociedade civil — com instrumentos de capacitação, partilha de boas práticas e incentivos adequados. E tendo em conta que todas as PME têm necessidades diferentes, fruto de diferentes graus de maturidade, características e dimensões, é fundamental que o apoio para a transição verde que recebem seja também desenhado à sua medida.

A sustentabilidade é hoje um fator de competitividade. E quanto mais cedo as PME iniciarem este caminho, melhor preparadas estarão para responder a exigências de mercado, atrair talento e aceder a financiamento verde – e distinguir-se positivamente entre as demais. A transição verde não é uma moda nem uma imposição externa — é a base de uma nova economia, mais justa, eficiente e preparada para o futuro.

 

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