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Climate Analystics diz haver “falha na ambição coletiva de corresponder” à meta do Acordo de Paris
Instituto alemão alerta que o mundo caminha para um aquecimento de cerca de 2,7 ºC ainda neste século e que o grande desafio da COP30 será reduzir as emissões e aumentar a ambição para cumprir a meta de 1,5 °C de Paris.
04 Nov 2025 - 13:55
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Mesmo com os progressos resultantes do Acordo de Paris, o Climate Analytics escreve que a ambição global continua aquém, ao referir que o mundo caminha para um aquecimento de cerca de 2,7 ºC ainda neste século. O instituto baseado em Berlim refere que todas as análises publicadas antes da COP30 mostram “uma grande diferença entre os compromissos atuais e o limite de temperatura de 1,5 °C” vinculado pelos países em 2015. “Isto não é uma falha na conceção do Acordo, mas sim uma falha na ambição coletiva de corresponder aos seus objetivos”.
Há uma década, o Acordo de Paria uniu os países em torno do limite de temperatura para 1,5 ºC e das metas de zero emissões líquidas, passando então a existir um objetivo climático comum. Como resultado, o aquecimento esperado até 2100 caiu quase um grau inteiro, de 3,6 °C antes de Paris para 2,7 °C, com uma trajetória otimista perto de 1,9 °C se todas as promessas, incluindo as de zero emissões líquidas, forem totalmente cumpridas, explica o texto do instituto. Acrescenta que “se o Acordo não existisse, precisaríamos de o criar”.
No entanto, o Climate Analytics explica que a ação insuficiente a curto prazo desde 2015 “provavelmente adicionou cerca de 0,1 °C de aquecimento e tornou cada vez mais improvável limitá-lo a 1,5 °C sem algum excedente”. Diminuir o aquecimento global em cerca de 1 °C entre meados e o final do século ajuda a reduzir o calor futuro, o stress hídrico, a elevação do nível do mar, a perda de biodiversidade e o risco de atingir pontos de inflexão. Contudo, o instituo alerta que se a taxa de aquecimento a curto prazo não for rapidamente travada por meio de cortes significativos nas emissões os impactos continuarão a ser severos para muitas populações e ecossistemas.
“A prioridade deve ser manter o pico de aquecimento o mais próximo possível de 1,5 ºC para minimizar a magnitude da ultrapassagem e reduzir a sua duração, atingindo o zero líquido de CO2 por volta de 2050 e o zero líquido de gases de efeito estufa na década de 2060”, sugere o instituto. O texto salienta que este método servirá para que o aquecimento atinja um pico próximo a 1,5 °C em meados do século e para que seja inferior a 1,5 °C antes de 2100.
O Climate Analytics argumenta também que “o financiamento melhorou, mas continua abaixo do necessário para uma transição justa”, uma vez que o Acordo estabeleceu um mecanismo de perdas e danos que ainda não está totalmente operacional. “Os governos devem acelerar a transformação económica e apoiar aqueles que não têm capacidade para o fazer”, reitera o texto.
Os interesses ligados aos combustíveis fósseis ainda resistem a políticas climáticas globais, sublinha a publicação do Climate Analytics. Mesmo após o acordo de 2023 para iniciar a transição energética, muitos países exportadores continuam a aprovar novos projetos de petróleo e gás, o que dificulta limitar o aquecimento a 1,5 °C e pode levar a um aquecimento de pelo menos 2,5 °C. Para o instituto as evidências são claras: as emissões atuais estão muito acima do necessário.
O grande desafio da COP30 será reduzir as emissões e aumentar a ambição para cumprir a meta de 1,5 °C. O instituto alerta que Acordo de Paris precisa de ser colocado em prática com urgência, eliminando gradualmente os combustíveis fósseis, transformando os sistemas produtivos, protegendo a natureza, ampliando o financiamento e fortalecendo a resiliência. O texto conclui que “cumprir essas prioridades preservará Paris como a âncora multilateral indispensável da ação climática e o catalisador para uma transformação justa e duradoura”.
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