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Empresas portuguesas com lacunas na avaliação financeira dos riscos climáticos

Estudo da KPMG Portugal analisa relatórios de sustentabilidade de 20 empresas e conclui que, apesar do progresso registado, metade ainda não quantifica os efeitos financeiros dos riscos climáticos.

03 Dez 2025 - 08:40

4 min leitura

Foto: Adobe Stock/Wanan

Foto: Adobe Stock/Wanan

As empresas portuguesas continuam com lacunas na avaliação financeira dos riscos climáticos. Segundo uma nova análise da KPMG Portugal, já se registam progressos, porém, metade das empresas ainda não quantifica os efeitos financeiros dos riscos climáticos.

O estudo “ESRS: lições aprendidas para o futuro” analisa os relatos de sustentabilidade de 20 empresas portuguesas, correspondentes à primeira vaga de reporte ao abrigo das Normas Europeias de Relato de Sustentabilidade (ESRS).

“Esta primeira vaga de reporte representa um marco importante na consolidação das práticas de sustentabilidade em Portugal. As empresas estão a adaptar-se a um normativo de relato de sustentabilidade exigente, num processo de aprendizagem que exige tempo, rigor e investimento. O verdadeiro desafio residirá em transformar estes dados em ações concretas relevantes para os stakeholders, em resiliência e em criação de valor. Há ainda uma grande margem para melhorar relativamente aos processos de recolha, de tratamento e análise destes dados”, refere João Torres, Associate Partner de ESG na KPMG Portugal.

E acrescenta que o estudo revela que as empresas “dependem também muito das informações de fornecedores e parceiros na cadeia de valor, mas poucas descrevem, de forma detalhada, os procedimentos de recolha e validação desta informação. E é de extrema importância sublinhar que as ESRS requerem uma divulgação clara da metodologia sempre que são utilizados dados estimados ou aproximados”.

De acordo com as ESRS, identificar Impactos, Riscos e Oportunidades (IROs) materiais através da Análise de Dupla Materialidade é o elemento central do reporte de sustentabilidade. Lacunas como a referida sobre riscos climáticos compromete a aplicação plena do exercício de avaliação de dupla materialidade, um dos pilares centrais da diretiva europeia, fragilizando a utilidade da informação para investidores, reguladores e mercados.

Segundo a consultora, o estudo revela tendências, boas práticas e áreas de melhoria, pretendendo contribuir para a evolução das normas europeias e para o fortalecimento das práticas de relato de sustentabilidade em Portugal. Apresenta ainda uma comparação com os resultados da análise da KPMG a um universo alargado a outros países, que contemplou 270 empresas que reportaram ao abrigo das ESRS, colocando em perspetiva o posicionamento das empresas portuguesas face à realidade internacional.

Dados agregados reduzem comparabilidade

Entre as várias conclusões do estudo, observa-se que a maioria das empresas em Portugal ainda apresentou a sua Análise de Dupla Materialidade (ADM) a um nível bastante agregado, o que tornou nesses casos as divulgações menos específicas e diminuiu a sua comparabilidade, refere a KPMG.

Por outro lado, oito empresas apresentaram a ADM com uma desagregação ao nível dos sub-subtemas definidos na ESRS 1, e essa maior granularidade facilitou a identificação dos datapoints relevantes e uma navegação e divulgações mais eficazes sobre os IRO identificados por essas empresas.

Todas as 20 empresas portuguesas analisadas consideraram a norma S1 – Mão de Obra Própria como material, quer do ponto de vista da materialidade de impacto quer da materialidade financeira, refletindo a importância crescente da gestão de recursos humanos no contexto da sustentabilidade, estaca a consultora.

No âmbito da norma G1 – Conduta Empresarial, 16 das 20 empresas incluídas no estudo consideraram a norma como material, seja do ponto de vista do impacto ou do ponto de vista financeiro. Contudo, apenas metade das empresas estabeleceu metas concretas e poucas apresentaram mecanismos claros de monitorização da eficácia das políticas implementadas.

O estudo revela ainda que um número significativo de empresas nacionais já estabeleceu metas concretas de redução das suas emissões de Gases com Efeito Estufa (GEE), alinhadas com iniciativas como a Science-Based Targets Initiative (SBTi). Entre as 20 empresas analisadas, nove têm metas de curto prazo já aprovadas pela SBTi (incluindo três com metas Net Zero) e duas encontram-se no seu processo de validação, “demonstrando um compromisso claro com objetivos e estratégias de redução da pegada de carbono”, assinala a KPMG.

A consulta destaca, por fim, que este progresso na definição de metas credíveis reflete uma “crescente maturidade” na integração de práticas de sustentabilidade e na adaptação às exigências das European Sustainability Reporting Standards (ESRS), tendência crescente e alinhada com o que se observa no panorama internacional.

 

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