O presidente executivo da EDP, Miguel Stilwell d’Andrade, destacou nesta quinta-feira o “crescimento incrível da procura” de eletricidade que a empresa está a observar em vários mercados, impulsionado pela eletrificação do consumo e pela construção de grandes centros de dados.

“Uma das tendências principais é o crescimento incrível da procura a que estamos a assistir”, afirmou Stilwell d’Andrade, durante a apresentação do plano estratégico 2026-2028, em Londres.

O gestor deu como exemplo um centro de dados atualmente em construção em Portugal, com uma potência instalada de cerca de 1,2 gigawatts (GW). Quando concluído, “só este ‘data center’ poderá representar dez terawatts-hora de energia. Isto representa 20% da procura energética de Portugal”, sublinhou.

“Fiquei surpreendido quando soube disto”, acrescentou o responsável, referindo que fenómenos semelhantes estão a ser observados “nos EUA, em Portugal, em Espanha e praticamente em todo o lado”.

O novo plano da EDP, divulgado nesta quinta-feira, assenta num contexto de forte aumento da procura e prevê investimentos de 12.000 milhões de euros até 2028, com foco em projetos de energias renováveis, redes elétricas e soluções de flexibilidade.

Segundo a empresa, o investimento total inclui cerca de 7.500 milhões de euros na EDP Renováveis (EDPR) — em projetos eólicos, solares e de armazenamento de energia (BESS) —, dos quais cerca de 60% nos Estados Unidos, e 3.600 milhões de euros em redes de eletricidade, dois terços dos quais na Península Ibérica.

EDP tem “mais clareza” sobre renováveis nos EUA e redes ibéricas

O presidente executivo da EDP também afirmou que o grupo entra no novo ciclo estratégico 2026-2028 com “muito mais clareza” sobre as principais áreas de atividade, nomeadamente as renováveis nos EUA e as redes de distribuição em Portugal e Espanha.

“A EDP tem muito mais clareza sobre as energias renováveis nos EUA, sobre a geração flexível e o seu valor estrutural, e muito mais clareza sobre o quadro de distribuição em Portugal e também em Espanha”, afirmou o gestor, durante a apresentação do plano estratégico aos analistas, em Londres.

Segundo Miguel Stilwell d’Andrade, durante os primeiros meses do ano “houve muitas incertezas” sobre o que aconteceria às energias renováveis nos EUA e “qual seria o quadro regulamentar para a distribuição em Portugal e Espanha”.

Entre as diversas ordens executivas implementadas desde que Donald Trump tomou posse, no início do ano, assinou uma que gerou dúvidas sobre o impacto direto no investimento em projetos eólicos em terra (‘onshore’) e no mar (‘offshore’), uma vez que iria dificultar o acesso a terrenos para desenvolver novas centrais para produção de energia através do vento.

Agora, com “maior visibilidade” sobre estas variáveis, a EDP considera ter “as condições para realmente falar de forma credível sobre o que vê para 2028, mas também sobre as tendências que observa para os próximos dois anos”, referiu o responsável, destacando o forte aumento da procura de eletricidade com a construção de novos centros de dados (‘data centers’).

De acordo com os dados operacionais de 2024, o grupo tem uma capacidade instalada nos EUA, através do seu braço para as energias limpas, a EDP Renováveis, de 8.422 Megawatts (MW), dos quais 5.938 MW de eólica ‘onshore’ e 2.484 MW de solar.

O mercado norte-americano pesou 55% do total da produção de energias renováveis do grupo no ano passado, seguido pela Europa com 32%, a América do Sul com 9% e a Ásia Pacífico com 4%.

O novo plano estratégico 2026-2028 da elétrica portuguesa prevê um investimento de cerca de 12.000 milhões de euros entre 2026 e 2028, concentrado nas energias renováveis e nas redes elétricas, com 60% do esforço de investimento da EDP Renováveis a ser realizado nos Estados Unidos.

Agência Lusa

Editado por Jornal PT Green