O mundo prepara-se para mais um ano recorde na instalação de energias renováveis em 2025, até setembro, impulsionado sobretudo pela energia solar e pela China. No entanto, um novo estudo da Ember alerta que as metas oficiais dos países continuam aquém daquilo que seria necessário para atingir o objetivo global de triplicar a capacidade até 2030.

A transição energética global está a ganhar velocidade. De acordo com a Ember, em 2025 deverão ser acrescentados cerca de 793 gigawatts (GW) de capacidade renovável, um aumento de 11% face a 2024 e o terceiro ano consecutivo de forte crescimento. A expansão é liderada pela energia solar, com a China a representar dois terços das novas instalações solares e eólicas previstas.

Este ritmo coloca o mundo mais próximo da meta de triplicar a capacidade de energias renováveis até 2030, estabelecida na COP28. Segundo a Ember, o crescimento registado entre 2023 e 2025, em média 29% por ano, significa que, daqui em diante, bastará um aumento anual de 12% para alcançar o objetivo.

A projeção para 2025 da capacidade solar ultrapassa 600 GW, cerca de 9% acima de 2024. Isso evidencia que a energia solar é a principal fonte de novas adições de capacidade renovável. Por sua vez, o crescimento eólico é mais acentuado, cerca de 21% acima de 2024, atingindo pouco mais de 100 GW, o que mostra uma recuperação mais forte desta fonte em comparação a anos anteriores.

Projeções de crescimento na instalação global de energia solar e eólica até 2025.

Países comprometidos apenas com a duplicação

Contudo, as metas nacionais permanecem desatualizadas. A soma dos compromissos anunciados pelos governos para 2030 aponta apenas para uma duplicação da capacidade global, não uma triplicação. Desde 2022, as metas nacionais ao nível global aumentaram apenas 8%.

A análise revela que o total atual das metas nacionais é de 7 793 GW, refletindo uma ligeira subida devido ao aumento da meta da China para 2030, baseada na sua Contribuição Nacionalmente Determinada para 2025, compensada por uma redução na meta assumida dos Estados Unidos.

“A implantação acelerou muito mais do que os governos previam”, reconhece Katye Altieri, analista de Energia na Ember. “As renováveis estão em plena expansão, lideradas pela energia solar. Mas, a menos que os países atualizem urgentemente as suas metas, corremos o risco de não construir as redes, a flexibilidade e o armazenamento necessários para sustentar este crescimento extraordinário”, adiciona.

A menos de cinco anos até 2030, a Ember apela a uma atualização urgente das metas nacionais para que os governos acompanhem o ritmo acelerado da transição energética e garantam a infraestrutura necessária para consolidar o avanço das renováveis.