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Lula da Silva recusa papel de “líder ambiental” e autoriza prospeção de petróleo na Amazónia
A dois dias da cimeira de líderes da COP30 em Belém, o Presidente brasileiro afirma que seria “incoerente” travar a exploração de crude perto da Foz do Amazonas e garante que o mundo ainda “não está preparado” para abandonar os combustíveis fósseis.
04 Nov 2025 - 18:05
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O Presidente brasileiro, Lula da Silva, recusou nesta terça-feira assumir o papel da liderança ambiental e frisou que seria incoerente da sua da parte impedir a prospeção de petróleo perto da Foz do Amazonas.
A dois dias da cimeira de líderes que antecede a Conferência das Nações Unidas para o Clima (COP30) na cidade amazónica de Belém, o chefe de Estado brasileiro, durante uma entrevista com seis agências internacionais, questionado pela agência Lusa, disse: “eu não quero ser líder ambiental. Não é isso que eu quero”.
“Seria incoerente se eu, num ato de irresponsabilidade dissesse: Bom, nós não vamos utilizar mais petróleo”, frisou, referindo-se à autorização dada à estatal Petrobras para prospeção de petróleo ao largo da Amazónia.
Ainda em resposta à Lusa, Lula da Silva reforçou que o mundo ainda não está capaz de abandonar os combustíveis fósseis e que poucos “países estão mais próximos” de conseguir isso do que o Brasil.
“Está cheio de gente que fala” que não se deve explorar petróleo, “mas isso sim é incoerente se você não apresenta uma alternativa”, sublinhou.
“Eu acabo o petróleo e vou utilizar o quê? Eu tenho responsabilidade. Então, como chefe de Estado, eu tenho de ter responsabilidade”, disse.
“Deixa testar para ver o que tem. E depois nós vamos saber como é que a gente vai fazer para explorar aquilo com o cuidado que nós temos que ter com a nossa Amazónia”, reforçou, acrescentando que se fosse” um líder falso e mentiroso” esperaria terminar a COP30 (que decorre entre 10 e 21 de novembro em Belém) para dar o aval à prospeção de petróleo.
“Mas se eu fizesse isso, eu estaria sendo pequeno diante da importância do que significa você fazer um teste na margem equatorial”, insistiu.
Na COP28, realizada no Dubai em 2023, mencionou-se pela primeira vez a necessidade de os países se afastarem dos combustíveis fósseis – principais responsáveis pelas alterações climáticas -, mas a referência desapareceu na cimeira seguinte.
O Governo brasileiro pretende apresentar-se em Belém como um líder da agenda climática, graças ao combate à desflorestação na Amazónia, mas várias organizações não-governamentais têm criticado a aposta contínua na extração de petróleo numa zona tão sensível como a costa amazónica e apresentaram uma ação na Justiça brasileira para anular a licença de pesquisa de petróleo à Petrobras numa área próxima à foz do rio Amazonas.
As oito organizações que interpuseram a ação — entre as quais se encontram a Greenpeace, a WWF e a principal organização indígena do Brasil — pediram a um tribunal federal a suspensão cautelar da perfuração, que a Petrobras iniciou logo após obter autorização para explorar as reservas de crude, em outubro.
As autoridades brasileiras informaram que, numa reunião prévia de líderes antes do evento da ONU, marcada para os dias 6 e 0 de novembro, é esperada a presença de cerca de 60 chefes de Estado e de Governo, entre os quais o primeiro-ministro, Luís Montenegro.
Três dias depois será inaugurada em Belém a fase de negociações da cimeira climática, para a qual estão acreditadas delegações de cerca de 170 países.
Nessas discussões, que decorrerão inicialmente entre 10 e 21 de novembro, prevê-se a participação de cerca de 50.000 pessoas, entre membros de delegações oficiais, organizações não-governamentais e representantes do setor privado.
Agência Lusa
Editado por Jornal PT Green
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