Valpaços foi distinguida em setembro com o título de “Melhor Cidade Biológica”, pela Comissão Europeia. É um galardão que, segundo o município, representa o trabalho conjunto entre autarquia, produtores e instituições locais na promoção da agricultura biológica e de um modelo de desenvolvimento sustentável.

A distinção, atribuída no âmbito dos Prémios Europeus para a Agricultura Biológica de 2025, é vista como um selo de credibilidade para produtores locais e que facilita o acesso a mercados que valorizam a certificação, as cadeias curtas e os produtos com Denominação de Origem Protegida (DOP) e Indicação Geográfica Protegida (IGP). O reconhecimento dá visibilidade nacional e europeia a Valpaços, o que pode atrair investimento, principalmente na área do turismo ligado aos produtos biológicos/agrícolas, como sublinha ao Jornal PT Green a técnica superior Noémia Martins, que esteve no processo de candidatura ao prémio.

De 41 para 516 produtores certificados

Nos últimos anos, o concelho registou um crescimento notável no número de produtores: de 41 em 2019 para 516 produtores certificados atualmente. Segundo a responsável, este avanço foi possível graças ao aproveitamento dos apoios da Política Agrícola Comum (PAC), nomeadamente os pagamentos por medidas agro-ambientais e o apoio a jovens agricultores, e ao investimento municipal na formação e assistência técnica.

A Cooperativa Coopaços tem desempenhado aqui um papel central, ao disponibilizar apoio técnico e formação aos seus associados. Em conjunto com fundos regionais, nacionais e europeus, Valpaços tem dado incentivos financeiros e subsídio “para adaptação de explorações, aquisição de equipamentos, melhoria do desempenho ambiental”, esclarece Noémia Martins.

De salientar que Valpaços integra a Bio Região do Alto Tâmega, uma iniciativa da Comunidade Intermunicipal do Alto Tâmega e Barroso (CIMAT), que visa promover práticas agrícolas sustentáveis e a economia circular. A bio região, formalmente reconhecida e integrada na rede internacional, tem permitido reforçar a cooperação entre municípios e criar um ecossistema de partilha de conhecimento.

O município de Valpaços destaca-se também pela valorização dos seus “tesouros biológicos”, produtos com DOP/IGP, como o vinho, o azeite, o mel, a amêndoa e a castanha. Estes produtos tradicionais foram progressivamente adaptados à certificação biológica, explica a responsável.

Estratégia de futuro

Para o futuro, a autarquia promete manter a aposta na sustentabilidade, reforçando programas de educação ambiental, inovação agrícola e valorização da produção local. A prioridade passa por integrar a agricultura biológica nas políticas de desenvolvimento regional, apoiar a cadeia de valor dos produtos DOP/IGP e atrair mercados locais.

Após o período eleitoral autárquico de outubro, Noémia Martins realça: “Esperamos continuar na mesma linha de trabalho”, lembrando que o novo presidente da Câmara “já fazia parte do atual executivo”. Por essa razão, acredita que o trabalho continuará a ser feito.

A técnica superior acredita que a experiência de Valpaços poderá inspirar outros municípios portugueses e europeus. O prémio é uma oportunidade para “trocar experiências, trocar ideias e conhecimento”, conclui a representante.