4 min leitura
ONU avisa que mundo continua fora de rumo para travar aquecimento global
Mesmo com pequenas melhorias nas metas climáticas, o planeta continua longe dos objetivos do Acordo de Paris. ONU alerta que ultrapassar os 1,5 °C é agora inevitável, mas ainda reversível, se houver ação rápida e ambiciosa.
05 Nov 2025 - 08:10
4 min leitura
Foto: Nasa | Unsplash
- Maria da Graça Carvalho: “Era essencial que chegássemos à COP30 com uma posição firme”
- Conselho Europeu quer simplificar regras para produtos químicos, cosméticos e fertilizantes
- Portgás distinguida pela ONU por reduzir emissões de metano
- Investigadores desenvolvem plataforma para detetar antecipadamente incêndios florestais
- MP arquiva suspeitas de fraude na venda de barragens da EDP à Engie, mas exige 335 milhões em impostos
- Fidelidade Property escolhe Cushman & Wakefield para avaliar riscos climáticos no portefólio imobiliário
Foto: Nasa | Unsplash
O planeta continua a aquecer a um ritmo perigoso e as promessas feitas pelos países em 2015 ao abrigo do Acordo de Paris continuam muito aquém do necessário. A conclusão é do novo “Emissions Gap Report 2025: Off Target”, divulgado nesta terça-feira pelo Programa das Nações Unidas para o Ambiente (UNEP), que alerta que o mundo está “a caminhar para uma escalada grave dos riscos e danos climáticos”.
Mesmo que todas as Contribuições Nacionalmente Determinadas – os compromissos de redução de emissões assumidos por cada país – sejam totalmente implementadas, a temperatura média global deverá aumentar entre 2,3°C e 2,5°C até ao final do século. O valor representa uma ligeira melhoria face ao relatório do ano passado que anotava uma subida entre 2,6°C e 2,8°C, mas continua muito acima do limite de 1,5°C, considerado o ponto de segurança climática.
Contudo, o documento diz que com as políticas atuais o aquecimento poderá chegar a 2,8°C, um cenário que agravaria fenómenos meteorológicos extremos, perda de biodiversidade e fortes impactos económicos. O relatório avisa ainda que a retirada dos Estados Unidos do Acordo de Paris contribuirá também para anular parte do pequeno progresso alcançado.
Metas insuficientes e execução em atraso
Até setembro de 2025, apenas 60 países, responsáveis por 63% das emissões globais, tinham apresentado novas metas para 2035. E a maioria nem sequer está no caminho para cumprir as metas de 2030, o que evidencia um fosso de implementação preocupante.
Para alinhar com o Acordo de Paris, as emissões globais teriam de cair 25% até 2030 para limitar o aquecimento a 2°C, e 40% para cumprir o objetivo mais ambicioso de 1,5°C. Mas a realidade é inversa: as emissões aumentaram 2,3% em 2024, atingindo 57,7 gigatoneladas de CO2 equivalente.
Mesmo que todas as novas metas sejam alcançadas, a redução total prevista seria de apenas 15% até 2035, muito abaixo das reduções de 35% e 55% exigidas pelos cenários de 2°C e 1,5°C, respetivamente.
A diretora executiva da UNEP, Inger Andersen, foi igualmente clara: “As nações já tiveram três oportunidades para cumprir as promessas feitas no âmbito do Acordo de Paris, e em todas ficaram aquém do objetivo”.
No entanto, a representante diz ainda ser possível reverter a situação, “embora por pouco”. Refere que “as soluções já existem” e que “agora é o momento de os países apostarem totalmente e investirem no seu futuro com ação climática ambiciosa, uma ação que traga crescimento económico mais rápido, melhor saúde pública, mais empregos, segurança energética e resiliência”.
“Os cientistas dizem-nos que um excesso temporário acima de 1,5 graus é agora inevitável, começando, o mais tardar, no início da década de 2030”, advertiu o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres.
Numa nota de esperança, o alto representante acrescentou: “Isso não é razão para desistir. É razão para redobrar esforços e acelerar. Os 1,5 graus até ao final do século continuam a ser a nossa Estrela Polar. E a ciência é clara: este objetivo ainda é alcançável. Mas apenas se aumentarmos significativamente a nossa ambição”.
Ferramentas existem, mas falta vontade política
Apesar do pessimismo dos números, o relatório também destaca razões para algum otimismo. As tecnologias para reduzir emissões já existem, e estão mais baratas do que nunca. O crescimento acelerado das energias solar e eólica está a transformar o mercado energético global e a mostrar que a transição é viável.
A ONU defende que investir em ação climática ambiciosa não é apenas uma questão ambiental, mas também económica e social que exige navegar um contexto geopolítico complexo, aumentar significativamente o apoio aos países em desenvolvimento e reformar a arquitetura financeira internacional.
Todavia o relatório sublinha que os países do G20, responsáveis por 77% das emissões globais, continuam longe de atingir as metas estabelecidas e, em conjunto, aumentaram as emissões em 0,7% no último ano.
- Maria da Graça Carvalho: “Era essencial que chegássemos à COP30 com uma posição firme”
- Conselho Europeu quer simplificar regras para produtos químicos, cosméticos e fertilizantes
- Portgás distinguida pela ONU por reduzir emissões de metano
- Investigadores desenvolvem plataforma para detetar antecipadamente incêndios florestais
- MP arquiva suspeitas de fraude na venda de barragens da EDP à Engie, mas exige 335 milhões em impostos
- Fidelidade Property escolhe Cushman & Wakefield para avaliar riscos climáticos no portefólio imobiliário