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Produção de biocombustíveis emite mais 16% de CO2 do que combustíveis fósseis
Estudo revela que terra usada para cultivar biocombustíveis poderia alimentar 1,3 mil milhões de pessoas. Apenas 3% dessa área com painéis solares bastariam para gerar a mesma energia.
13 Out 2025 - 08:29
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Foto: Freepik
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A produção global de biocombustíveis emite 16% mais dióxido de carbono do que os combustíveis fósseis que substitui, devido à desflorestação e aos impactos indiretos da agricultura. Ademais, ocupa milhões de hectares que poderiam ser usados para alimentar 1,3 mil milhões de pessoas ou gerar energia solar limpa, conclui um novo relatório da Cerulogy, encomendado pela Transport & Environment (T&E).
Atualmente, cerca de 32 milhões de hectares de terra, uma área equivalente a Itália, são usados para cultivar plantas destinadas a biocombustíveis, o que cobre apenas 4% das necessidades energéticas globais do transporte. Até 2030, esse número poderá crescer 60%, atingindo 52 milhões de hectares, o tamanho de França e o correspondente às emissões anuais de 30 milhões de carros a gasóleo.
“Os biocombustíveis são uma péssima solução climática e um desperdício impressionante de terras, alimentos e milhões em subsídios”, declara Cian Delaney, da T&E. Ressalva que “usar apenas 3% da terra que atualmente usamos para biocombustíveis em painéis solares produziria a mesma quantidade de energia. Isso deixaria muito mais terra para alimentos e restauração da natureza”.

A procura global por biocombustíveis poderia refletir-se como 6º maior país em termos de terras aráveis em 2030. Fonte: T&E, com base em Cerulogy (2024) e Banco Mundial (2021)
O relatório revela ainda que 90% da produção mundial de biocombustíveis depende de culturas alimentares. Em 2023, esta indústria consumiu cerca de 150 milhões de toneladas de milho e 12º milhões/t de cana-de-açúcar e beterraba. Todos os dias, o equivalente a 100 milhões de garrafas de óleo vegetal é queimado em automóveis, ou seja, um quinto de toda a produção global.
Além das emissões, há também o problema da água: percorrer 100 km com biocombustíveis de primeira geração consome quase 3 mil litros de água, enquanto um carro elétrico movido a energia solar precisaria de apenas 20 litros.
O relatório chama atenção especial para o Brasil, que se aproxima dos Estados Unidos como maior produtor mundial e que recentemente suspendeu a moratória da soja na Amazónia. “A decisão […] parece cada vez mais preocupante diante da expansão dos biocombustíveis. Como anfitrião da COP deste ano, podemos esperar que o Brasil pressione por mais combustíveis renováveis, mas os biocombustíveis não devem fazer parte da discussão. Caso contrário, corremos o risco de causar mais mal do que bem”, disse Cian Delaney. Também o Canadá e a Índia planeiam aumentar significativamente a produção.
A T&E apela aos líderes que se reunirão no Brasil para a COP30 a travarem a expansão dos biocombustíveis e a canalizarem os apoios públicos para energias renováveis e eletrificação sustentável, em vez de “falsas soluções”.
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