Um grupo de investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) acaba de integrar o consórcio europeu do LIFE-NITRAZENS. O projeto propõe um modelo de sensibilização ambiental, participação das comunidades locais e mudança de comportamentos para combater a poluição por nitratos.

Em Portugal, o projeto está previsto ser replicado na bacia hidrográfica do Mondego, onde a equipa quer aplicar ferramentas e estratégias desenvolvidas em Espanha. Este método poderá assegurar a transferibilidade de resultados e a integração de dados regionais através da Plataforma de Partilha de Dados para a Governação dos Nitratos.

“O projeto tem como objetivo enfrentar o desafio urgente da contaminação por nitratos, uma ameaça significativa para os ecossistemas e para a saúde humana. […] Resultante, principalmente, da atividade agrícola intensiva e da gestão inadequada de resíduos orgânicos, está associada a problemas de saúde graves, como a metemoglobinemia e o aumento do risco de cancro”, explica o diretor do Departamento de Química (DQ/UC) e investigador Artur Valente.

A pesquisa, conduzida por investigadores do DQ/UC e do Departamento de Geografia da Faculdade de Letras da UC, foi recentemente aprovada pela Comissão Europeia e conta com um financiamento de quase 2 milhões de euros do LIFE Programme.

A equipa adiciona que o projeto “incentiva o envolvimento direto dos cidadãos na monitorização dos níveis de nitratos em águas superficiais e subterrâneas, promovendo a adoção de práticas agrícolas mais sustentáveis e o cumprimento das diretivas europeias sobre a qualidade da água”.

O azoto é um nutriente essencial para o crescimento das plantas. No entanto, em grandes quantidades, pode ser prejudicial para as pessoas e para o ambiente. O uso de fertilizantes orgânicos e químicos com nitratos na agricultura é uma das principais causas da poluição da água. Segundo dados da União Europeia, a agricultura é responsável por mais de metade do azoto que chega às águas superficiais.

O LIFE-NITRAZENS reúne universidades e centros de investigação, bem como gestores de recursos hídricos, associações de agricultores e autoridades públicas locais. Além da UC, os parceiros portugueses do consórcio são as Águas do Centro Litoral, a Associação de Beneficiários da Obra de Fomento Hidroagrícola do Baixo Mondego e a Câmara Municipal de Soure.