A escolha de um método de pagamento transcende a conveniência, tornando-se um ato de responsabilidade social e ambiental.  Ao longo dos anos, trabalhando entre a inovação e meios de pagamento, fui percebendo que cada escolha tem implicações diretas não só na experiência do utilizador, mas também no nosso impacto ambiental e social.

Quando analisamos os diferentes meios de pagamento, as diferenças são evidentes. Os cartões físicos continuam a ser os mais populares, mas implicam custos ambientais que não podemos ignorar: a produção de plástico, a emissão de carbono na sua fabricação e o impacto do seu fim de vida. A produção de dinheiro em espécie, muitas vezes considerada tradicional, também possui um custo ambiental considerável.

Por outro lado, o crescimento de pagamentos instantâneos e sistemas Account-to-Account (A2A) é promissor. Esses métodos eliminam a necessidade de materiais físicos e reduzem o consumo energético, como exemplificado pelo MB Way em Portugal e o Wero em França.

Para além disso, os sistemas A2A são especialmente relevantes em países sem bancos físicos ou que enfrentam riscos sociais elevados, pois oferece inclusão financeira e um meio seguro de realizar transações. Ao facilitar pagamentos diretamente entre contas bancárias, o A2A pode manter a economia ativa e resiliente, mesmo em contextos desafiadores, permitindo que populações mais vulneráveis participem no sistema financeiro.

Para mim, a inovação tecnológica aplicada aos pagamentos não é apenas uma questão de eficiência operacional ou de redução de custos. É um vetor de transformação capaz de reforçar a confiança do consumidor, tornar os sistemas financeiros mais resilientes e, acima de tudo, contribuir para um futuro mais sustentável. Cada otimização, desde a produção de cartões até à arquitetura das soluções digitais, representa uma oportunidade para alinhar os nossos objetivos empresariais com os nossos valores coletivos. Reflexo disso são as iniciativas criadas em contexto europeu como a European Payments Initiative e a European Payments Alliance.

E se há algo que a experiência me ensinou é que as escolhas individuais contam. Durante um simples almoço com amigos, optar por pagar através de um sistema A2A pode ter uma pegada ecológica menor do que usar um cartão físico. Pode parecer um gesto pequeno, mas é a soma desses gestos que muda comportamentos e pressiona as empresas a fazer melhor.

Acredito que esta é a mensagem que devemos passar: inovação e ESG não são conceitos opostos, mas sim aliados. Cabe-nos a todos, empresas, reguladores e consumidores acelerar esta transformação.