Com a missão de restaurar a natureza portuguesa, a WWF lançou nesta quarta-feira a iniciativa Re-Store Portugal. Prevê-se um investimento de 1,8 milhões de euros em cinco anos para recuperar três áreas geográficas do país. A aposta visa em salvaguardar os ecossistemas e espécies ainda presentes no território nacional, bem como reaver habitats degradados e promover a regeneração da biodiversidade junto dos cidadãos.

A iniciativa vai incluir ações no terreno e monitorização até 2030, através da ciência, ação local e compromisso coletivo para responder aos desafios ecológicos de Portugal, explica em comunicado a organização sem fins lucrativos.

“Restaurar a natureza é reforçar a infraestrutura natural do país – aquela que sustenta silenciosamente a nossa economia, a saúde pública e o bem-estar coletivo. Portugal tem tudo para liderar este esforço coletivo, se souber valorizar os seus recursos naturais com ambição e visão estratégica”, declara a diretora executiva da WWF Portugal, Ângela Morgado.

Num estudo abrangente, a organização identificou nove áreas prioritárias, ao arrancar com ações em três: Parque Nacional da Peneda-Gerês, Serra do Caldeirão e Estuário do Tejo. Esta primeira seleção é justificada pela necessidade de garantir qualidade, impacto e sustentabilidade nestas zonas.

Além do trabalho localizado, a Re-Store Portugal engloba ações de educação ambiental para as comunidades e uma campanha nacional de sensibilização para o restauro ecológico. Ângela Morgado salienta que “esta iniciativa é uma chamada de atenção para que Portugal lidere com ambição, conhecimento científico e envolvimento coletivo, projetando a recuperação da natureza, da qual todos dependemos”.

A iniciativa surge em resposta à Lei do Restauro da Natureza da União Europeia, que exige a todos os Estados-membros a recuperação de pelo menos 20% das suas áreas degradadas até 2030. A nota à imprensa explica que a Re-Store Portugal “visa contribuir de forma concreta para os objetivos europeus e nacionais, enquanto se prepara também o Plano Nacional de Restauro da Natureza, que o Governo tem de submeter à Comissão Europeia até setembro de 2026”.

A WWF esclarece que a campanha de mobilização ligada ao projeto funciona através de uma plataforma digital, com o visual de loja online. Esta permite ao utilizador “comprar futuro”, ao adicionar no seu carrinho de compras ações de restauro.

O parceiro que financiou com cerca de 100 mil euros o estudo de viabilidade do projeto foi o Lidl. A cadeia de supermercados já tinha estabelecido a sua colaboração com a WWF no nível internacional, para motivar modelos de negócio respeitadores do planeta e que permitam às pessoas fazerem escolhas mais sustentáveis, indica o comunicado.

“É com orgulho que participamos neste projeto desde o início, tendo financiado o estudo e a criação da plataforma digital. Ao disponibilizarmos os sacos solidários em loja, conseguimos levar este apoio ainda mais longe, com a adesão dos nossos clientes, o que nos permitirá arrancar com o restauro de 30 hectares no Parque Nacional na Peneda-Gerês”, refere a diretora de Corporate Affairs do Lidl Portugal, Vanessa Romeu.

A Re-Store Portugal prevê o envolvimento de outras empresas e entidades ao longo do percurso do projeto. No nível institucional, conta com o Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade, a Agência Portuguesa do Ambiente, a Grace e o BCSD Portugal.