A Europa prepara-se para uma das maiores revoluções industriais desde a era digital. A partir de 2026, o Passaporte Digital do Produto (PDP) começará a ser implementado em vários setores, com o objetivo de garantir que tudo o que é produzido e vendido no espaço europeu é mais sustentável, rastreável e circular.

À primeira vista, parece apenas mais uma obrigação burocrática. Mas o PDP é muito mais do que isso: é uma oportunidade para reinventar a forma como as empresas criam, fabricam e gerem os seus produtos.

Mais do que um simples QR Code num rótulo, o Passaporte Digital será uma verdadeira identidade digital de cada produto, reunindo informação sobre a sua origem, composição, pegada de carbono e destino final. Esta transparência vai obrigar as empresas a repensar processos, otimizar o design e adotar tecnologias que permitam acompanhar o ciclo de vida completo, desde a conceção até à reciclagem.

Na prática, o PDP cria uma nova linguagem comum entre fornecedores, fabricantes e consumidores. Com dados acessíveis e comparáveis, o mercado passará a valorizar quem faz melhor, e não apenas quem faz mais barato.

Esta transformação também acelera a transição para modelos de negócio circulares. Empresas que desenham produtos duradouros, reparáveis ou recicláveis ganham uma vantagem competitiva. Ao mesmo tempo, abrem-se novas oportunidades: serviços de reparação, plataformas de segunda vida, modelos “produto como serviço” e rastreabilidade certificada para critérios ESG.

A circularidade deixa assim de ser um ideal ético para se afirmar como uma estratégia de competitividade. Inovar já não é só investir em tecnologia, é repensar a cultura organizacional, os modelos de colaboração e a forma como se cria valor.

Em Portugal, a GreenTech Lab Testbed, promovida pela Aliados Consulting, nasce precisamente para ajudar as empresas a dar este salto. Através da experimentação e da colaboração entre indústria, tecnologia e ciência, estão a ser desenvolvidas soluções digitais para o Passaporte do Produto que permitem medir e reduzir o impacte ambiental forma simples e fiável.

O objetivo é claro: transformar a obrigação em oportunidade. Preparar as empresas portuguesas para o futuro e de preferência, colocá-las na linha da frente da inovação sustentável europeia.

O Passaporte Digital do Produto é, no fundo, o ponto de partida de uma nova era em que dados e sustentabilidade caminham lado a lado. Quem perceber cedo o seu potencial, não só vai cumprir a lei, como se vai destacar pela transparência, eficiência e confiança que gera no mercado.

O futuro será inevitavelmente digital e também mais circular.